Isto há coisas do caneco... E não é que manta pode transformar-se em tapete, tijolo em cinto e tornozelo em cotovelo? Este fim-de-semana a Leonor e a Joana tiveram de ir a uma Convenção a Espanha. E pediram-me para ser eu a “dar” as aulas de sexta-feira e sábado. Mal acedi ao “convite” [porque dá-me um “feeling” que eu não teria grande hipótese de escolha…] arrependi-me. Porque comecei a pensar em duas ou três pequenas questões…
A primeira, óbvio, as evocações. Nunca as fiz e a ideia de as fazer não é propriamente agradável.
Depois, o nome das posturas. Já não há qualquer razão para eu dizer “aquela postura assim, aquela…” mas não saber exactamente o seu nome. Depois, os ajustamentos. Já os ouço há seis anos. Mas, never the less, será que saem de forma correcta? Pior: será que saem?
É verdade que já não era a primeira vez que eu dava uma aula de yoga. Mas era a primeira vez que dava uma aula no Centro com pessoas que estão habituadas à firmeza e know-how da Leonor e da Joana. E estão habituadas a ver-me do outro lado do tapete. É muito estranho…
É claro que eu não dei a aula sem rede. O “menu” foi dado pela Leonor e não havia nenhum aluno propriamente novo, por isso os riscos eram relativamente poucos. Mas mesmo assim…
… mesmo assim eu tremia como varas verdes na sexta. E “insultei-as” em surdina e jurei que não mais aceitaria tal coisa.
Mas até não correu tão mal quanto isso. Eles foram impecáveis, até porque devem ter visto a minha cara de pânico. Mas não falaram, não riram e estiveram muito atentos!!! Mesmo quando eu em vez de dizer almofada dizia bolsa (só me lembrava de “bolster”). Ou quando pedi para irem para Parsvakonasana e depois fiquei por Vira II sem ter dado por isso e emendei como quem não quer a coisa.
No sábado, acho que ainda correu melhor, apesar de serem mais alunos. Foram na mesma muito disciplinados e muito atentos. Passei a compreender duas coisas: o tempo anda de maneira diferente quando se dá aulas e manta pode facilmente transformar-se em tapete, tijolo em cinto e tornozelo em cotovelo…
Mas cá para nós que ninguém nos ouve… é bem mais giro estar do outro lado do tapete…
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4 comentários:
hihihi
"Atrás de mim virá quem de mim melhor fará" - adoro esta sabedoria popular que explica tão bem e com tão poucas palavras o que pensamos e não sabemos bem exprimir; quase como os Sutras! Tenho a certeza que as aulas só podem ter corrido bem. Aproveito só para esclarecer um pequeno detalhe, relativo à dificuldade com as "evocações"; eu também teria imensa dificuldade se no início das aulas fizesse "evocações", principalmente depois de consultar o diccionário: "Acto ou efeito de evocar. Invocação aos manes para que abandonem as sepulturas e apareçam; aos demónios para que saiam do Inferno e venham". Imaginem só que pensamentos mórbidos! E depois relutâncias para fazer Savasana, a postura do cadáver!! No entanto, nós, no IYENGAR Yoga, procuramos ser bonzinhos e humildes, pelo que nos limitamos a invocações, ou seja "Chamamento que se dirige a quem, ou ao que, desejamos que se manifeste, ou nos venha em auxílio". E assim iniciamos a aula, INVOCANDO as qualidades de Patanjali e as do GURU!
Ups... o que vale é que nem escrevo...
enquanto não os mandares dobrar o tijolo está tudo bem...
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